© ANDRE
DUSEK/ESTADÃO Ministro da
Casa Civil, Eliseu Padilha
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BRASÍLIA - O ministro da Casa
Civil, Eliseu Padilha, disse que a rejeição da denúncia contra o presidente
Michel Temer pela Câmara revela a “força” do governo para emplacar a agenda de
reformas no Congresso ainda neste ano. “A próxima batalha é a retomada da
reforma da Previdência”, afirmou ao Estado.
Mesmo com a infidelidade
demonstrada por deputados do PSDB e sem reunir 308 votos – patamar necessário
para aprovar mudanças na Previdência –, Padilha amenizou a crise política. “Não
haverá retaliação a partidos”, assegurou o ministro. “Nós temos toda a boa
vontade possível com o PSDB, que tem nosso crédito.”
Nesta quarta-feira, 2, Padilha
passou boa parte do dia com Temer, no Planalto, acompanhando a votação na
Câmara pela TV. Almoçou com ele, ao lado do ministro da Secretaria-Geral da
Presidência, Moreira Franco, do secretário de Comunicação, Márcio de Freitas, e
do publicitário Elsinho Mouco. Quando Temer viu que a vitória estava
assegurada, recorreu a seu estilo formal para aplaudir: “Finalmente, a lei está
sendo levada a seu devido lugar”.
Qual o maior desafio do governo
após o arquivamento da denúncia contra Michel Temer?
A próxima batalha é a retomada da
reforma da Previdência. Este é o item número um da nossa agenda e o grande
desafio que temos. A meta é ver se conseguimos, ainda neste mês de agosto, chegar
ao patamar de 17 de maio (quando o governo dizia ter perto de 300 votos e
veio à tona a delação da JBS), para que possamos votar a reforma na Câmara.
A ideia é ter essa votação encerrada no Senado na primeira quinzena de outubro.
Mas a votação mostrou que o
governo não tem os 308 votos necessários para aprovar a reforma da Previdência
na Câmara...
O resultado de hoje (quarta-feira)
é uma demonstração de força do governo e os indicadores apresentam números
altamente positivos. Embora não seja a mesma coisa, é muito auspicioso o número
de votos que conseguimos para a rejeição da denúncia contra o presidente.
O problema é que a base aliada
continua muito dividida e essa reforma é muito impopular.
Nós estamos reaglutinando a base
nesse processo. Não há parlamentar da base que não esteja convencido de que a
reforma da Previdência é imperiosa. Se não a fizermos, em 2024 toda a receita
da União vai para a folha de pagamento dos servidores, além de saúde, educação
(despesas obrigatórias por lei) e Previdência. Nada mais. Daí em diante
tudo vai piorando e não teremos os mesmos recursos nem para saúde e educação.
Como contornar o racha do PSDB
e mantê-lo na base?
O PSDB está dividido, meio para cá
e meio para lá, mas isso é um problema interno do partido. Nós temos toda a boa
vontade possível com o PSDB, que tem nosso crédito. Nós não queremos que o PSDB
saia.
Haverá retaliação aos aliados
infiéis, exonerações, mudanças no ministério?
Não haverá retaliação aos
partidos.
Fala-se que o governo teve uma
vitória de Pirro, porque o presidente continua muito enfraquecido e não terá
força suficiente para aprovar as reformas. Como o senhor responde?
Conversa. Quero saber qual foi o
governo, na história recente do Brasil, que conseguiu aprovar tanto quanto nós
aprovamos no Congresso. A reforma trabalhista era um tema tabu e nós
conseguimos fazer mais de cem alterações na CLT.
O governo terá força para
reagir novamente se o procurador-geral Rodrigo Janot apresentar mais denúncias?
Se houver outra denúncia, terá o
mesmo tratamento que teve essa. Vamos trabalhar pela rejeição dela na Comissão
de Constituição e Justiça (CCJ) e no plenário da Câmara.
A oposição alega que o governo só
conseguiu esse placar por causa do “toma lá dá cá”, distribuindo cargos e
emendas.
Não houve toma lá dá cá. As
emendas são impositivas e foram empenhadas tanto para a base do governo como
para a oposição. Todos têm direito.
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