O presidente
turco, Recep Tayyip Erdogan, e o primeiro-ministro
holandês,
Mark Rutte
(Burak Kara e Dean Mouhtaropoulos/Getty
Images)
|
Porta-voz do governo diz que
Ancara vai negar permissão de aterrissagem a futuros voos diplomáticos e impedir
o retorno do embaixador da Holanda
A Turquia suspendeu
nesta segunda-feira suas relações no mais alto nível com a Holanda em
resposta ao veto do governo holandês à participação de políticos turcos
em comícios sobre o referendo no país. “Até que a Holanda repare os danos
que causou, as relações no mais alto nível e as reuniões ministeriais previstas
ficam suspensas”, anunciou o vice-primeiro-ministro turco e porta-voz do
governo, Numan Kurtulmus, após uma reunião do conselho de ministros.
O porta-voz também afirmou
que Turquia vai negar permissão de aterrissagem a futuros voos
diplomáticos holandeses e impedir o retorno a Ancara do embaixador da
Holanda. Ele afirmou que a decisão se limita a visitas e voos oficiais que
queiram usar espaço aéreo turco, sem afetar os cidadãos comuns.
“Sólidos aliados”
Pouco antes do anúncio do
rompimento, o governo americano pediu calma aos dois países, recordando que
“ambos são sólidos sócios e aliados na OTAN“. Segundo um alto
funcionário do departamento de Estado, o governo de Donald Trump não
interveio diretamente no conflito por acreditar que Turquia e Holanda
são “democracias fortes” e “podem solucionar o problema entre elas”. A União
Europeia e a Otan também tentavam nesta segunda-feira contornar a
crise, em meio aos ataques de Ancara às autoridades holandesas por terem
impedido dois ministros turcos de participar de comícios em apoio ao presidente
Recep Tayyip Erdogan.
A UE pediu que Ancara “se abstenha
de toda declaração excessiva e ação que possa exacerbar a situação”, após o
presidente Erdogan prometer que a Holanda “pagará um preço alto” pelo
tratamento dado aos dois ministros turcos, que, segundo ele, evoca “o nazismo e
o fascismo”. “É essencial evitar uma nova escalada e encontrar os meios de
acalmar a situação”, afirmou a chefe da diplomacia europeia, Federica
Mogherini.
Embora o processo de adesão da
Turquia à UE esteja em um impasse, Ancara continua a ser um parceiro
estratégico do bloco, principalmente na gestão do fluxo de migrantes. Mas um
ministro turco citou nesta segunda-feira uma possível “análise” do pacto sobre
a luta contra a imigração concluído há um ano. “A Turquia deve reavaliar a
questão”, declarou o ministro dos Assuntos Europeus, Omer Celik, citado pela
agência pró-governo Anatólia.
A recente crise começou no sábado,
quando a Holanda expulsou a ministra turca da Família, Fatma Betul Sayan Kaya,
e negou autorização para uma visita do chefe da diplomacia turca, Mevlut
Cavusoglu. Os dois diplomatas iriam participar de comícios para promover entre
os turcos que residem na Holanda o ‘sim’ no referendo constitucional
previsto para 16 de abril, que visa a reforçar os poderes de Erdogan.
Concurso de provocações
Nesta segunda-feira, Erdogan
atacou diretamente a chanceler alemã, Angela Merkel, que acusou de “apoiar
terroristas”. “Senhora Merkel, por que está escondendo terroristas em seu país?
Por que não está fazendo nada?” – questionou Erdogan em entrevista à TV
A-Haber, acusando Berlim de não responder aos 4.500 comunicados realizados pela
Turquia sobre supostos terroristas. A Turquia acusa a Alemanha de dar abrigo a
militantes da causa curda e a suspeitos procurados por envolvimento no
fracassado golpe de Estado de 15 de julho. Merkel considerou as acusações
absurdas. “A chanceler não tem a intenção de participar de um concurso de
provocações”, disse seu porta-voz, Steffen Seibert. Na mesma entrevista,
Erdogan acusou a Alemanha de “nazismo”, ao avaliar que Merkel apoia seu homólogo
holandês Mark Rutte na disputa com Ancara.
O secretário-geral da Otan, Jens
Stoltenberg, pediu aos países da Aliança Atlântica que contribuam para dissipar
as tensões diplomáticas entre a Turquia e alguns países europeus. “Eu
incentivaria a todos os aliados a mostrar um respeito mútuo, manter a
calma e contribuir para reduzir as tensões”, declarou Stoltenberg à imprensa.
A Holanda pediu nesta segunda-feira a seus cidadãos na Holanda que fiquem
“vigilantes” e evitem “as concentrações e locais muito lotados”. Durante o fim
de semana, houve várias manifestações diante das representações diplomáticas
holandesas em Istambul e Ancara.
(Com AFP e EFE)
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