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REUTERS/Ueslei Marcelino .
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O procurador-geral da República,
Rodrigo Janot, disse em carta interna aos integrantes do Ministério Público
Federal que as revelações dos acordos de delação premiada com 77 executivos
ligados à Odebrecht mostram a "triste realidade" de uma "democracia
sob ataque e, em grande medida, conspurcada na sua essência pela corrupção e
pelo abuso do poder econômico e político".
A carta foi enviada por Janot no
mesmo dia em que encaminhou ao Supremo Tribunal Federal (STF) 83 pedidos de
abertura de inquérito contra políticos com mandato e, portanto, com
prerrogativa de foro junto ao Supremo com base nas delações da Odebrecht para a
Lava Jato.
Encaminhou ainda 211 pedidos para
casos que envolvem pessoas sem foro privilegiado sejam enviados a instâncias
inferiores da Justiça, sete pedidos de arquivamento e 19 de outras
providências.
Na carta, Janot se declara um
"democrata congênito e convicto" e promete aos subordinados seguir
trabalhando nas investigações da Lava Jato com um viés jurídico.
"Certamente o MPF terá dois desafios
institucionais a vencer a partir de hoje: manter, como sempre o fez, a
imparcialidade diante dos embates político-partidários que decorrerão do nosso
trabalho e velar pela coesão interna", disse Janot.
"Asseguro a todos vocês que
continuarei a conduzir o caso sob o viés exclusivamente jurídico, sob o
compasso da técnica e com a isenção que se impõe a qualquer membro do
Ministério Público", acrescentou.
Diante de algumas críticas da
classe política à operação, especialmente sobre as apurações envolvendo doações
oficiais de campanha e contribuições eleitorais não contabilizados, o caixa 2,
o procurador-geral negou que a Lava Jato tenha a intenção de criminalizar a
política.
"O trabalho desenvolvido na
Lava Jato não tem e jamais poderia ter a finalidade de criminalizar a atividade
política. Muito pelo contrário, o sucesso das investigações sérias conduzidas
pelo MPF até aqui representa uma oportunidade ímpar de depuração do processo
político nacional", afirmou na carta.
"Ao menos para aqueles que
acreditam verdadeiramente que é possível, sim, fazer política sem crime e que a
democracia não é um jogo de fraudes, nem instrumento para uso retórico do
demagogo, mas um valor essencial à sociedade moderna e uma condição
indispensável ao desenvolvimento sustentável do nosso país", acrescentou
Janot.
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