O
ex-ministro Antonio Palocci (PT) chega ao Instituto Médico Legal,
em Curitiba
(PR), após ser preso durante a 35ª fase da Operação
Lava Jato, intitulada "Omertà"
(Vagner Rosário/VEJA.com)
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Delegado alega a Moro que somente
a detenção impedirá que o ex-ministro destrua provas
A Polícia Federal solicitou nesta
sexta-feira ao juiz federal Sergio Moro a conversão da prisão temporária do
ex-ministro da Fazenda e da Casa Civil Antonio Palocci em prisão preventiva –
pela qual não há prazo para soltura do indiciado. Preso temporariamente na segunda-feira, Palocci deverá ser solto
hoje caso Moro não atenda ao pedido da PF.
No documento, sobre o qual o juiz
federal decretou sigilo, o delegado Filipe Pace afirma que há indícios de
que todos os pagamentos da Odebrecht que a PF atribui a Palocci foram de fato
efetuados. E que, solto, ele poderia fugir ou ocultar provas. “Tais vantagens,
em sua grande maioria traduzidas em dinheiro em espécie, ainda não foram
rastreadas a partir desta investigação, motivo pelo qual não existe qualquer medida
cautelar diversa da prisão que inviabilize Antonio Palocci e Branislav Kontic,
seu funcionário, de praticar atos que visem a ocultar e obstruir a descoberta
acerca do real paradeiro e emprego dos recursos em espécie recebidos”.
Considerada uma das fases mais
importantes da Lava Jato, a 35ª etapa das investigações sobre o petrolão apura
também supostos favorecimentos ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ele
próprio já réu em dois processos relacionados ao escândalo de corrupção na
Petrobras, por meio do Setor de Operações Estruturadas, considerado um
departamento da propina da Odebrecht. As suspeitas de novas benesses em favor
de Lula teriam intermediação do pecuarista José Carlos Bumlai, já preso na Lava
Jato. Investigadores que atuam no caso estimam que este flanco da apuração
superaria o que foi descoberto de Lula sobre o tríplex no Guarujá e sobre o
sítio de Atibaia. Os novos indicativos envolvem um prédio que seria destinado
ao ex-presidente. A Odebrecht chegou até a comprar o terreno em benefício do
petista.
Batizada de Operação Omertà, em
referência ao pacto de silêncio dos mafiosos, a fase da Lava Jato que prendeu o
ex-ministro recolheu evidências de que Palocci atuou deliberadamente para
garantir que o Grupo Odebrecht conseguisse contratos com o poder público. Em
troca, dizem os investigadores, o ex-ministro e seu grupo eram agraciados com
propina. A atuação de Palocci foi monitorada, por exemplo, na negociação de uma
medida provisória que proporcionaria benefícios fiscais, no aumento da linha de
crédito junto ao BNDES para a Odebrecht fechar negócios na África e em uma
interferência na licitação para a compra de 21 navios sonda para exploração da
camada pré-sal.
Em agosto, VEJA revelou que, em
suas negociações para a colaboração premiada, o ex-marqueteiro petista João
Santana se dispôs a dizer aos investigadores do petrolão como os ex-ministros
Antonio Palocci e Guido Mantega – Mantega foi alvo da 34ª fase da Lava Jato na
última semana – haviam se encarregado de negociar o caixa paralelo na campanha
de Dilma em 2014. Palocci é o personagem principal de um dos capítulos da
delação de João Santana. Nele, além da “conta” que o ex-ministro detinha com
empresas investigadas no petrolão, Palocci seria delatado ao lado do
braço-direito Juscelino Dourado, que distribuía parte do dinheiro do caixa
dois.
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