Criminosos contavam com
informações fornecidas por PMs da unidade. A trama foi descoberta em fevereiro
de 2014, mas só divulgada agora.
Reportagem exclusiva do RJTV
revela que a Justiça descobriu um plano de traficantes da comunidade da
Rocinha, na Zona Sul do Rio, para matar a ex-comandante da Unidade de Policía
Pacificadora (UPP), major Pricilla Azevedo, com participação de policiais da
própria UPP.
A reportagem, apresentada nesta
quarta-feira (28), mostra que os policiais ajudavam os criminosos, repassandro
informações sobre a comandante. Pricilla deixou o cargo seis meses após a
polícia descobrir o plano e hoje é porta-voz das UPPs.
Ainda de acordo com a reportagem,
cinco policiais que trocaram mensagens com o traficante Rogério Avelino da
Silva, o Rogério 157 já foram identificados. São eles Sidnei Leão dos Santos
Filho, Mário Alvispo da Silva Junior, Ramon Santiago de Moura, Arnaldo Damião Cavalcanti e Alexsandro Mendez
dos Santos, que já morreu.
Os PMs já haviam sido investigados
por receber propina de traficantes para permitir a venda de drogas e a livre
circulação de criminosos armados na favela da Rocinha. Os policiais foram
afastados das ruas e estão fazendo serviço administrativo.
Em uma das mensagens, o criminoso
pergunta pela "visão" de Pricilla que teria sido prometida por um dos
PMs - referindo-se a possíveis dicas sobre a rotina da major - e recebe como
resposta que a oficial não vai à comunidade todos os dias. "Amigo, ela nem
bota a cara direito aqui. Faz faculdade, então em pelo menos dois ou três dias
na semana ela nem vem trabalhar", responde o policial.
O diálogo prossegue e o policial
afirma que, se Rogério matar Pricilla, a troca de comando na UPP seria
acelerada e diz torcer pela nomeação de um outro major, a quem se refere como
"caveira", apelido dado a homens do Batalhão de Operações Especiais
(Bope) da Polícia Militar. "Tomara que venha o major caveira. Amigo nosso,
ele adora dinheiro. Fechamento legal".
Os traficantes tramavam matar a
major porque ela vinha reprimindo a venda de drogas na comunidade. O plano foi
descoberto em fevereiro de 2014, após o ex-chefe do tráfico da Rocinha, Antônio
Francisco Bonfim Lopes, o Nem, ser condenado em mais um processo por tráfico e
por pagar propinas a agentes públicos.
As mensagens trocadas entre Nem e
os policiais foram interceptadas pela Polícia Federal (PF), com autorização da
Justiça. Nem já está condenado a mais de 30 anos de prisão e está na
penitenciária federal de segurança máxima de Campo Grande (MS).
Segundo as investigações da PF,
Nem continua a comandar a venda de drogas na comunidade da Zona Sul, com ajuda
da mulher, Danúbia de Souza Rangel, que atua como mensageira da quadrilha e é a
principal ligação entre Nem e Rogério 157. Ela está foragida desde março.
Danúbia chegou a ser presa, mas
acabou solta por um habeas corpus concedido pelo desembargador Siro Darlan. A
decisão de Darlan foi revogada, mas a mulher de Nem já havia deixado a cadeia.
A reportagem tentou contato com os
advogados dos policiais acusados de trocar mensagens com Rogério, mas nenhum deles
foi encontrado.
Do G1 Rio
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