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Evaristo Sá/AFP Dilma Rousseff fala,
agora como ex-presidente
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Dilma Rousseff falou pela primeira
vez nesta quarta-feira agora como ex-presidente da República. De vermelho e
cercada por integrantes de sua tropa de choque no Senado – Lindbergh Farias
(PT-RJ), Gleisi Hoffmann (PT-PR) e Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) --, a petista
fez um discurso beligerante. Classificou o governo do presidente Michel Temer
como “um bando de corruptos”, indicou que seguirá lutando na Justiça contra o
impeachment e afirmou: “Nós voltaremos”.
“Com a aprovação do meu
afastamento definitivo, políticos que buscam desesperadamente escapar do braço
da Justiça tomarão o poder unidos aos derrotados nas últimas quatro eleições.
Não ascendem ao governo pelo voto direto, como eu e Lula fizemos em 2002, 2006,
2010 e 2014. Apropriam-se do poder por meio de um golpe de Estado”, afirmou. “O
projeto nacional progressista, inclusivo e democrático que represento está
sendo interrompido por uma poderosa força conservadora e reacionária, com o
apoio de uma imprensa facciosa e venal. Vão capturar as instituições do Estado
para colocá-las a serviço do mais radical liberalismo econômico e do retrocesso
social”.
Dilma retomou o discurso do medo:
“O golpe é contra os movimentos sociais e sindicais e contra os que lutam por
direitos em todas as suas acepções: direito ao trabalho e à proteção de leis
trabalhistas; direito a uma aposentadoria justa; direito à moradia e à terra;
direito à educação, à saúde e à cultura; direito aos jovens de protagonizarem
sua história; direitos dos negros, dos indígenas, da população LGBT, das
mulheres; direito de se manifestar sem ser reprimido.”
“Sei que todos nós vamos lutar.
Haverá contra eles a mais forme, incansável e enérgica oposição que um governo
golpista pode sofrer. Repito: a mais determinada oposição que um governo golpista
pode sofrer”, afirmou Dilma. “Nós voltaremos para continuar nossas jornada rumo
ao Brasil em que o povo é soberano. Saibamos nos unir em defesa de causas
comuns a todos os progressistas. Proponho que lutemos todos juntos contra o
retrocesso, a extinção de direitos”, prosseguiu.
Dilma afirmou que o impeachment
representa o segundo golpe de Estado sofrido em sua vida e prometeu recorrer em
todas as instâncias possíveis e voltar para continuar sua jornada. Segundo ela,
os senadores que votaram a favor da cassação de seu mandato rasgaram a
Constituição e o impeachment entrará para a história das grandes injustiças.
“Esse golpe é contra os movimentos sociais e sindicais, contra os que lutam por
direitos em todas as suas acepções”. “É um golpe misógino, homofóbico,
racista”, disse. “Ouçam bem: eles pensam que nos venceram, mas estão enganados.
Sei que todos vamos lutar”.
Nesta quarta-feira, Dilma Rousseff
sofreu o impeachment por 61 votos a 20, mas não foi penalizada com a
inabilitação para exercício de funções públicas porque não houve o mínimo de 54
votos para que essa sanção fosse imposta. Na inabilitação, ela ficaria proibida
de disputar cargos eletivos, concursos públicos, integrar os quadros de
empresas públicas e ser nomeada para cargos em comissão. Em seu discurso,
afirmou: “Não direi adeus a vocês, tenho certeza de que posso dizer até daqui a
pouco. Ou eu ou outros assumirão esse processo”.
Veja.com
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