Manifestantes a favor do referendo
na Venezuela foram xingados por integrantes de movimentos sociais e pelo cônsul
nesta quinta-feira
A Venezuela exportou para o Brasil
a repressão aos seus próprios cidadãos, que não podem mais protestar
pacificamente nem no Rio de janeiro.
Na manhã de quinta-feira, 1, cerca
de vinte cidadãos venezuelanos que moram na capital carioca se
concentraram em frente ao consulado da Venezuela, no centro. Seis dias
antes, eles agendaram por email um encontro com o cônsul-geral, Edgar Alberto
González Marín, para entregar um documento pedindo respeito aos
prazos do referendo revogatório que pode encurtar o mandato do presidente
venezuelano Nicolás Maduro.
Para surpresa dos participantes,
eles não só foram impedidos de entrar no prédio como tiveram de dar
passagem a um grupo de cerca de dez membros do Movimento Sem Terra
(MST), que chegaram com bandeiras vermelhas e camisas com dizeres a
favor do chavismo. Agitados, eles chamavam os venezuelanos de
fascistas e traidores.
O grupo do MST subiu ao consulado
e desceu do prédio com mais bandeiras e pôsteres, ao lado do cônsul e de outros
membros do grupo que já estavam no local antes da chegada dos venezuelanos.
“O cônsul não teve a menor
preocupação em esconder que havia usado a representação para receber os
mercenários pagos para nos boicotar”, disse a VEJA o venezuelano William Adrian
Clavijo Vitto, de 26 anos, um dos organizadores da concentração.
Membros do
MST reprimem protesto de venezuelanos no consulado
da Venezuela
no Rio de Janeiro, no dia 1 de setembro de 2016
(Arquivo pessoal)
|
Além de usar um alto-falante para
ofender os manifestantes, os homens convocados pelo consulado ameaçaram William
pessoalmente. “Um deles me empurrou algumas vezes e disse que sabia que eu
morava em Botafogo e estudava na UFRJ, que ainda nos veríamos. São informações
que não coloquei em lugar nenhum, está claro que foram fornecidas pelo próprio
consulado”, disse.
Policiais no local evitaram
agressões. Agora, William responsabiliza o cônsul-geral, Edgar Alberto Gonzalez
Marin, por qualquer atentado contra a integridade física ou qualquer violação
dos direitos constitucionais dos cidadãos que estiveram no protesto.
A ligação entre o MST e o governo
venezuelano é antiga. Em outubro de 2014, a Polícia Federal prendeu a babá dos
filhos do então ministro venezuelano Elías Jaua tentando entrar com um revólver
no Brasil. Jaua esteve no Brasil para assinar convênios com o MST na
cidade de Guararema, a 80 quilômetros de São Paulo.
Durante o governo do falecido
presidente Hugo Chávez, eram comuns as viagens de integrantes do MST à
Venezuela para intercâmbios com organizações chavistas, sempre pagas
pelo erário público venezuelano.
O consulado venezuelano divulgou a
seguinte nota em seu site na quinta-feira, dia 1º:
“Pela manhã, o cônsul-geral do
Rio de Janeiro, Edgar Alberto González Marín, recebeu representantes de movimentos
sociais e partidos políticos na sede do Consulado Geral do Rio de Janeiro, que
vieram demonstrar seu gesto de solidariedade e apoio ao governo legítimo e
constitucional do presidente da República Bolivariana da Venezuela, Nicolás
Maduro, e contra o fascismo golpista e seus aliados internacionais”
“Nessa oportunidade, além de
mensagens de solidariedade, um grupo de percussionistas da União da
Juventude Socialista (UJS) cantou frases de apoio ao governo bolivariano”
“Entre os movimentos sociais e
partidos políticos, União da Juventude Socialista, Partido dos Trabalhadores
(PT-RJ), Brigadas Populares, SOS Aldeia Macaranã, Jornal Inverte e algumas
personalidades”.
Na quinta-feira, 1º, milhares de
venezuelanos tomaram as ruas da capital, Caracas, para reivindicar a realização
do referendo revogatório contra o presidente Nicolás Maduro ainda neste ano.
No sábado, 3, haverá uma nova
manifestação de venezuelanos na lagoa Rodrigo de Freitas, às 9h da manhã,
altura da Rua Garcia D`Ávila.
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