© image/jpeg Senador
Aécio Neves (PSDB-MG) durante
Julgamento de
Dilma Rousseff no Senado
|
O PSDB e o DEM anunciaram que vão
recorrer ao Supremo Tribunal Federal contra a decisão de fatiar o julgamento da
agora ex-presidente Dilma Rousseff no impeachment, que levou ao abrandamento da pena e livrou a petista da inabilitação política por oito
anos. Parlamentares dos dois partidos se reunião ainda nesta quarta-feira para
definir os detalhes do recurso e como passarão a se comportar na base aliada do
presidente Michel Temer (PMDB). O voto dos peemedebistas causou uma crise com
tucanos e democratas.
O presidente nacional do PSDB, o
senador Aécio Neves (MG) culpou o PMDB pelo desfecho do julgamento e se disse
surpreendido em cima da hora. Ele colocou em dúvida o compromisso real de
lideranças peemedebistas com o governo Temer e as reformas propostas econômicas
e acordadas com o partido. “Saíamos dessa sessão histórica por um lado
aliviados pela virada de pagina e pela possibilidade de o presidente Michel
assumir definitivamente, mas por outro lado saímos preocupados com essa posição
setores do PMDB que não nos dá segurança em relação à parceria para o futuro”,
afirmou Aécio. “O Brasil não comporta mais ambiguidades. É preciso que setores
do PMDB digam até que ponto estão comprometidos com esse projeto, até que ponto
estarão ao lado de reformas preconizadas pelo presidente Michel Temer e
apoiadas pelo PSDB. Isso deixa dúvidas”
Nos bastidores, a articulação de
aliados de Dilma para conseguir fatiar o julgamento em duas etapas (uma para a
perda de mandato e outra para a inabilitação política) foi atribuída a um
acordo com presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Renan sempre se
disse desconfortável com o impeachment, mas declarou na sessão desta quarta,
sentado à Mesa Diretora, ser contra a suspensão dos direitos políticos da
petista.
Parcela do PSDB passou a defender
ao fim da votação um rompimento com Temer. Eles reclamaram de não terem sido
avisados da posição dividida do PMDB. “O PMDB começou a tratar o PSDB da
maneira que era tratado pelo PT”, reclamou o líder do PSDB, senador Cássio
Cunha Lima (PB). “”Nós e o Democratas fomos surpreendidos. Não houve uma
palavra de ninguém do PMDB na direção dessa mudança de posição”, disse Aécio.
“Se nós percebermos a quantidade de ambiguidades que já havíamos denunciado e
sinalizado antes, certamente esse apoio não poderá existir, já que não haverá
compromisso com essas reformas. Para nós não foi nada positivo a posição final
de inúmeros e ilustres líderes do PMDB na segunda etapa dessa votação.”
O líder do DEM, senador Ronaldo
Caiado (GO), afirmou que o abrandamento da pena foi um acordo entre PMDB e PT:
“Esse resultado indiscutivelmente surpreende. Houve uma acordão nas últimas
horas.” “Passa-se meia mensagem ao povo brasileiro. Os senadores rasgaram
a Constituição e revogaram a lei das inelegibilidades. O condenado não é punido
de forma terminativa”, disse o senador Álvaro Dias (PV-PR).
Líder do PMDB, o senador Eunício
de Oliveira (CE) se absteve na votação que manteve os direitos políticos de
Dilma. Ao fim da sessão, ele negou qualquer acordão para poupar a petista e
disse que não deu seu voto porque a bancada não fechou um encaminhamento.
“Havia uma divisão muito forte dentro do plenário e eu não tinha
conversado com a bancada. Qualquer posicionamento que eu tomasse para um lado
ou para outro poderia contaminar o sentimento dos senadores que fazem parte do
PMDB. Portanto, como não teve orientação, preferi não punir a presidente duas
vezes”, afirmou.
Oliveira nega que a votação traga
uma primeira sequela na base de Temer após ele ser confirmado presidente da República.
“Não houve entendimento, não houve acordo e isso em nada altera o comportamento
da base. A base ficou clara: Temer recebeu 61 votos para governar o Brasil”,
disse o líder peemedebista.
O recurso ao STF a ser impetrado pela base de Temer, liderado por PSDB e DEM, vai questionar a decisão do Senado de dividir o julgamento. “Não poderia ter havido o desmembramento da votação. Esse fatiamento merecerá uma reflexão profunda do STF. E a Constituição é clara quando diz que a sanção é clara, a perda do mandato com a consequente perda dos direitos políticos”, disse Aécio.
Veja.com
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