Dilma
discursa no julgamento final do impeachment
no Senado
(Foto: Reprodução / TV Senado)
|
Presidente afastada terá pelo
menos 30 minutos para se manifestar. Lula e ex-ministros acompanham a sessão
nas galerias do plenário.
A presidente afastada Dilma
Rousseff começou a discursar às 9h53 desta segunda-feira (29) em defesa
própria no julgamento final no processo de impeachment.
Dilma iniciou o discurso fazendo
referência à tortura que sofreu como presa política durante a ditadura militar.
"Não posso deixar de sentir na boca novamente o gosto amargo da injustiça
e do arbítrio”, afirmou.
Segundo ela, em seu mandato como
presidente, defendeu a Constituição e que jamais agiria contra a democracia.
“Sempre acreditei na democracia e no estado de direito. Jamais atentarei contra
o que acredito ou praticaria atos contra os interesses daqueles que me
elegeram”, afirmou a presidente afastada na parte inicial de sua fala.
"Não luto pelo meu mandato
por vaidade ou apelo ao poder como é próprio dos que não têm caráter. Luto pelo
povo do meu país, pelo seu bem estar", declarou.
A presidente afastada reafirmou
que não cometeu nenhum dos crimes de responsabilidade pelos quais é acusada.
Depois de fazer referência aos
ex-presidentes Getúlio Vargas e João Goulart, disse que a "ruptura
democrática" se dá agora sob pretextos constitucionais "embasados por
uma frágil retórica jurídica".
"O que está em jogo no
processo de impeachment não é o meu mandato", afirmou. Segundo ela,
"o que está em jogo são as conquistas dos últimos 13 anos", e listou
iniciativas do governo dela, como valorização do salário mínimo, programas de
médicos e de casa própria.
Abertura da sessão
A sessão foi aberta às 9h38. Depois disso, o presidente do julgamento, ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal, pediu ao presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), para introduzir a presidente afastada no recinto. Dilma sentou-se no extremo da mesa, à esquerda de Lewandowski.
A sessão foi aberta às 9h38. Depois disso, o presidente do julgamento, ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal, pediu ao presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), para introduzir a presidente afastada no recinto. Dilma sentou-se no extremo da mesa, à esquerda de Lewandowski.
As regras do julgamento
estabeleceram 30 minutos para o pronunciamento de Dilma – período que poderá
ser prorrogado. Em seguida, ela será interrogada pelos senadores, pela acusação
e pela defesa.
Até a última atualização desta
reportagem, 47 senadores estavam inscritos para fazer perguntas, pelo tempo de
5 minutos cada. Dilma terá o tempo que for necessário para responder as
questões.
A presença de Dilma no julgamento
marca a fase final do processo, iniciado em dezembro do ano passado, quando o
então presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), aceitou uma denúncia
apresentada pelo advogado Hélio Bicudo, pela professora Janaína Paschoal e pelo
jurista Miguel Reale Jr.
A decisão final, pela condenação
ou absolvição da petista, deve ocorrer entre terça e quarta-feira (31), após
debate entre acusação e defesa e novas manifestações do senadores. São
necessários 54 votos entre os 81 senadores para o afastamento definitivo da
petista.
Para a sessão desta segunda, Dilma
convidou 18 ex-ministros, entre os quais Ricardo Berzoíni, Carlos Gabas, Jaques
Wagner e Juca Ferreira, o ex-presidente
Luiz Inácio Lula da Silva e o cantor e compositor Chico Buarque de
Hollanda. Os convidados ficaram na galeria do Senado, acima do plenário.
A cada quatro horas, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, que comanda o julgamento, poderá interromper a sessão para intervalos de cerca de 30 minutos, conforme roteiro estabelecido previamente com os senadores.
A cada quatro horas, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, que comanda o julgamento, poderá interromper a sessão para intervalos de cerca de 30 minutos, conforme roteiro estabelecido previamente com os senadores.
Nos intervalos, Dilma poderá se
dirigir para a sala de audiências da presidência do Senado, anexo ao gabinete
do presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL). No local, a presidente
afastada poderá estar acompanhada de quem desejar com lanches e refeições.
Na semana passada, entre quinta
(25) e sábado (27), os senadores
ouviram as testemunhas de defesa e de acusação no processo. Ao
longo de três dias, os parlamentares fizeram inúmeros questionamentos aos
depoentes, colheram informações e pediram esclarecimentos.
Tom do discurso
Afastada do mandato há 110 dias, Dilma passou o último fim de semana no Palácio da Alvorada, residência oficial da Presidência, preparando o discurso que irá ler aos senadores nesta segunda.
Afastada do mandato há 110 dias, Dilma passou o último fim de semana no Palácio da Alvorada, residência oficial da Presidência, preparando o discurso que irá ler aos senadores nesta segunda.
Senadores aliados dela defenderam um
tom “duro” e “firme”, enfatizando que não cometeu crime de responsabilidade
e, portanto, não deve sofrer o impeachment.
Na sexta-feira passada (26), Lula
esteve em Brasília e, segundo relatos de assessores e senadores petistas, se
reuniu com Dilma no Alvorada.
Do G1, em Brasília
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