Desde janeiro em Tabatinga (AM), fotógrafo não conseguiu trabalho.
Depois de descobrir que sua mulher estava grávida, o fotógrafo haitiano Julien Clercy tomou a decisão de viajar para o Brasil e procurar trabalho. No país desde janeiro, ele ainda não conseguiu emprego e o pouco dinheiro que tinha quando chegou já acabou faz tempo.
“Eu trabalhava principalmente com fotos para documentos. Depois do terremoto, Porto Príncipe acabou e ninguém tem mais nada. Parei de tirar fotos porque as poucas pessoas que me procuravam não tinham dinheiro nenhum para pagar por elas. Agora, vou ser pai, tenho que dar um jeito”, afirma Clercy.
“Até a roupa que estamos vestindo aqui nós conseguimos trazer do Haiti. Não recebemos ajuda nenhuma do governo. Algumas pessoas e o padre [Gonzalo Franco], às vezes, nos dão um pouco de arroz e açúcar, que dividimos. Quando alguém consegue algum dinheiro, gastamos com comida”, diz.
Clercy procurou a Polícia Federal com seu passaporte para dar entrada como refugiado. Ele conta que ainda não recebeu o protocolo, mas assim que pegá-lo pretende viajar até Manaus, onde espera conseguir trabalho. Caso não consiga, pretende esticar a viagem até São Paulo.
“Eu sou fotógrafo, mas aceito qualquer tipo de serviço. Estou pronto para o que aparecer, mesmo que seja trabalho braçal. Meu filho vai nascer daqui a três meses e ainda não mandei nenhuma ajuda. Minha mulher está sozinha lá, porque perdeu a mãe e os irmãos. Quero que ela venha com meu filho, quando eu tiver alguma condição de sustentar os dois”, diz.
Segundo Clercy, mesmo grávida, a mulher tinha encontrado um emprego na construção civil para guardar dinheiro para a chegada da criança. “Agora, não sei como ela está. Não tenho dinheiro nem para telefonar para eles.”
Imigração
Assim como Tabatinga, a cidade de Assis Brasil, no Acre, também é ponto de entrada para os haitianos no país. Porém, no Acre, estão em menor número. De lá, eles seguem para o município de Brasiléia, onde estão concentrados. De acordo com dados da Secretaria da Justiça e Direitos Humanos do estado, 109 haitianos tinham sido cadastrados até 21 de janeiro e outros 50 já estavam por lá, mas não tinham sido identificados.
Refugiados
O coordenador-geral do Comitê Nacional para Refugiados (Conare), Renato Zerbini, chegou a viajar para a região em janeiro para analisar a questão. De acordo com a assessoria do órgão, os imigrantes não estão em situação de refúgio. Somente são refugiados os imigrantes perseguidos por causa da etnia ou por problemas políticos. No caso, os haitianos estariam fugindo somente da miséria e das condições de vida ruins do Haiti.
Assim como Tabatinga, a cidade de Assis Brasil, no Acre, também é ponto de entrada para os haitianos no país. Porém, no Acre, estão em menor número. De lá, eles seguem para o município de Brasiléia, onde estão concentrados. De acordo com dados da Secretaria da Justiça e Direitos Humanos do estado, 109 haitianos tinham sido cadastrados até 21 de janeiro e outros 50 já estavam por lá, mas não tinham sido identificados.
Refugiados
O coordenador-geral do Comitê Nacional para Refugiados (Conare), Renato Zerbini, chegou a viajar para a região em janeiro para analisar a questão. De acordo com a assessoria do órgão, os imigrantes não estão em situação de refúgio. Somente são refugiados os imigrantes perseguidos por causa da etnia ou por problemas políticos. No caso, os haitianos estariam fugindo somente da miséria e das condições de vida ruins do Haiti.
Ainda segundo o Conare, do Ministério da Justiça, o processo para a permanência dos haitianos no Brasil será analisado pelo Conselho Nacional de Imigração, do Ministério do Trabalho. Até o domingo (13), mesmo fora dos critérios, os haitianos podiam entrar com o pedido de refúgio na fronteira – o que não garantia a eles o benefício. Mas, desde segunda-feira (14), os haitianos que entrarem no Brasil por Tabatinga (AM) não poderão mais pedir visto como refugiados.
O delegado Alexandre Rabelo, chefe da delegacia da Polícia Federal em Tabatinga, explicou aoG1 que somente os haitianos que tiverem visto poderão entrar oficialmente no país. “Recebemos determinações superiores para restringir os pedidos de visto como refugiados, porque eles não se enquadram nesse caso”, diz.
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